terça-feira, 20 de agosto de 2013

Crítica de Arte Sim! Por que não?



 Sonia Silva aluna do Curso de Produção Cultural do Campus Natal Cidade Alta-IFRN, é mais uma a compartilhar sua resenha crítica da exposição Andedan do Artista Plástico Marcos Popó, a crítica de arte, cada vez mas requer novos profissionais e estudos. Vai além de ser negativa ou algo ruim, ela gera novos conceitos, discussões, modifica e contribui para a  história.



RESENHA CRÍTICA
Sonia Silva






Marcos Vinícius de Oliveira Pereira, nascido em Brasília em 22 de julho de 1982, mudou-se para o Rio de Janeiro ainda na primeira infância, onde viveu até os seus 18 anos; foi no SENAC-RJ que fez um curso de figura humana desenvolvendo seus traços, traços esses que tiveram início de forma autodidata desenhando historias em quadrinhos, reproduzindo as do mercado e também produzindo suas próprias historias.
 Com 18 anos prestou concurso para a Academia da Força Aérea- AFA, nessa época costumava desenhar caricaturas dos colegas de farda e cartoons para o jornal da AFA, fã de HQ nunca deixou de praticar, admite ter sido influenciado grandemente ao observar a técnica de Travis Charest , Adam Hughes e Alex Ross.
 Em 2009 começou a estudar novos métodos, inicialmente colagem depois foram os trabalhos com linha e prego, sempre em segundo plano devido sua atividade profissional.


Porém ao participar de uma missão ao Haiti em 2011 após um ano de treinamento avisão artística e tornando uma pessoa mais calma e centrada(Popó)1 . Também contribuiu para sua formação a visitação a grandes museus e a arte de rua dos EUA, visitas feitas durante seu período de folga na missão ao Haiti; considera o artista que o céu é o limite e parafraseia Michelangelo quando perguntado se conseguiria esculpir a ”Pietá” a partir de um bloco de mármore tendo o mesmo respondido: Ela já estava lá; eu só tirei o excesso. É de dentro do artista e dos materiais comuns que veio a inspiração dos trabalhos apresentados.
“Popó” disse: “não acredito na arte como mudança de sociedade. Não em tempos de paz, quando você analisa a Guernica de Pablo Picasso, tem que analisar o contexto histórico. Mas na sociedade atual não acredito que uma obra vai conseguir mudar a opinião da população sobre determinado assunto, já existe o jornal para isso, e não vem conseguindo bons resultados. Acho que o artista pode fazer sua parte e reaproveitar matérias quando possível, ele mesmo ter consciência ambiental e de seu lugar na sociedade. Mas acho que a arte é pra ser bonita, pra esboçar um sorriso, arregalar o olho, deixar de boca aberta ou franzir a testa. É nesse contexto que eu faço minhas obras, me desafiando e desafiando os materiais que eu uso, cada trabalho é um desafio, uma entrega e principalmente uma aposta.




A OBRA 
Quadro de Saddan Hussein
Feito em técnica mista : placa de madeira revestida com fórmica branca, na qual a figura do ditador Saddan Hussein aparece pelo processo de se tirar parte da fórmica para se mostrar o que se quer que seja visto, com aparente aprofundamento de partes da madeira, finalizando com pintura na cor vermelha que envolve a quase gravura a ponta seca sobre fórmica.



“A arte é a principalmente, a emoção estética que ela desperta, emoção que depende da nossa sensibilidade moldada pelo meio social e pela cultura na qual vivemos. p.35)” (...) “A arte é uma atividade que caracteriza o homem p. 35.”(...)“Desde a infância, o homem desenvolve a emoção estética e demonstra o prazer que isso lhe dá p.36.” (COSTA, Cristina. Questões de Arte. O belo, a percepção estética e o fazer artístico/Cristina Costa – 2. ed. Reform.- São Paulo: Moderna,2004).
 

Penso que  observa este quadro deve causar uma inquietação muito grande ao espectador, pelo menos foi isso que me ocorreu ao observa-lo; o objeto aqui observado produzido de forma rudimentar, segundo o artista, produzido a partir de uma porta de madeira revestida com fórmica, talhada a faca e posteriormente com socos na intenção  que a madeira cedesse e assim ficasse mais calcada (profunda/ com relevos) em alguns lugares, o que causou ao artista um ferimento nas mãos que sangrou e caiu por cima do trabalho que estava sendo executado, mas, como diria Cristina Costa em seu livro: COSTA, Cristina. Questões de Arte. O belo, a percepção estética e o fazer artístico/Cristina Costa – 2. ed. Reform.- São Paulo: Moderna,2004). O que realmente importa é o que o espectador sente ao comtemplar uma obra, a emoção que lhe é despertada e sem dúvida este quadro muito me impressionou, a figura ali representada de  Saddan Hussein impressiona, a brutalidade do talhe sobre a madeira, os relevos causados pelos murros e posteriormente por martelo o vermelho da tinta acrílica representando o sangue do artista derramado, a história do personagem ali mostrado, os pensamentos voam, ora pensei no Saddan, seu poderio e seu declínio, na nossa sociedade, na nossa cultura, como vemos e sentimos o sofrimento do outro, um misto de ansiedade e tristeza.
Penso que, a arte pode nos levar a refletir sobre nós e a sociedade em que vivemos, sobre o que podemos e devemos fazer em prol de um mundo melhor, principalmente reconhecendo que sozinhos não podemos  nada, que é no outro que vamos encontrar a possibilidade de realizar algo maior.




“Como é possível haver um acordo sobre o que chamar de arte? ... Existem mecanismos na sociedade que permitem que certos grupos legitimem seu gosto p.37.”(...)“Elas têm o poder de identificar, selecionar, qualificar e preservar a produção artística p.37.”(...)“ Os historiadores da arte têm mostrado que é do conflito e do confronto entre um estilo consagrado e aquele que inova que se processa a dinâmica da produção artística p.38.”(...)“A arte depende das transformações históricas, da popularização dos estilos e do próprio desenvolvimento p.40.”
“ Assim, há hoje uma dificuldade muito maior em se estabelecer um único critério de validade para o que é belo p.41.” (COSTA, Cristina. Questões de Arte. O belo, a percepção estética e o fazer artístico/Cristina Costa – 2. ed. Reform.- São Paulo: Moderna,2004).
Sonia Silva





Jocasta Andrade 
Produtora Cultural

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